sábado, 24 de novembro de 2012

Cinquenta tons de pudor?


Queridos leitores adultos deste blog, fiquei um pouco intrigada com “algumas” críticas relacionadas ao romance “Cinquenta tons de Cinza” da escritora E.L. James, cuja história ocorre entre uma bela moça inteligente, estudiosa que, sem querer, encontra um príncipe encantado, um cara estranho, mas um príncipe! O fato é que a descrição estranha da personagem masculina causa furor entre algumas pessoas pelo fato de ele ser “agressivo” sexualmente, principalmente por se tratar de um relacionamento por meio de contrato. Realmente, que mulher gostaria de se apaixonar por um cara que exige algumas situações constrangedoras? Embora ele seja milionário, ou melhor, bilionário, lindo, bondoso, enche de presentes como roupas de grife, carro importado (só falta ser vampiro), quem gostaria de namorá-lo? Nenhuma mulher, claro, ou estou enganada? Não conhecemos nenhum caso famoso assim, não é?
Acredito que as críticas negativas ao romance apresentam certo tom de pudor sem explicação. Há alguns anos as mulheres mal podiam escolher seus maridos. Casavam-se com 15 anos e já engravidavam; tinham que cuidar da casa, da roupa, do marido. Era fundamental ser dona de casa, sem direito a empregos, à leituras de verdade, nem mesmo direito ao voto e precisavam sorrir para a sociedade, um verdadeiro “Sorriso de Monalisa”.
Inácio de Loyola descreve muito bem essa mulher em “Obscenidades de uma dona de casa”. Nesse conto, de linguagem “depreciativa” vemos a imagem de uma mulher que, embora tenha valores, é tratada como ignorante, pois não tem direito ao amor e ao prazer. Falo aqui do prazer em ser mulher, em se reconhecer, em saber o que verdadeiramente lhe agrada.
Anastasia Steele é mais uma mulher que se apaixona e que tem medo de perder. Ela é envolvida num relacionamento, mas é inteligente, suficientemente, para inverter as perversões de seu amado. É isso mesmo, “uma mulher de verdade edifica o homem”. Trata-se de uma ficção, mais uma das inúmeras literaturas de massa que percorrem pelo mundo. Óbvio que a linguagem não é clássica, é literatura de massa, compará-la aos romances de Aluízio Azevedo, José de Alencar, Joaquim Manoel de Macedo ou Machado de Assis é sacanagem, literalmente. E outra, o livro não nos torna ignorantes, apenas tomamos conhecimento do que circula no mundo da escrita. Ficção boba ou não, é interessante saber o enredo.
Tirar tal obra das mãos dos adolescentes é uma obrigação dos pais, pois o livro é proibido para menores, mas isso é papel dos responsáveis em avaliar o que os filhos leem, até mesmo na net. Incentivar o adolescente a ler esse livro é irresponsabilidade. Mas, falar que o livro traz influências negativas ao relacionamento, ora, ora... mulheres, somos mais espertas do que uma obra de ficção, não acham?
Portanto “Perpétuas”, tirem as “perucas” da cabeça e revelem a caixa preta, não para os outros, para si mesmas.

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